É como o efeito de algumas taças de vinho
que vão te deixando distante da sobriedade. Quando escrevo posso me embriagar
nas curvas do texto e envolver na experiência uma infinidade de sensações que
pulsam ao mesmo tempo. Às vezes escrevo para aliviar o que está me bagunçando
por dentro, noutras vezes, para partilhar a alegria de um bom momento. No
universo dos devaneios posso viajar em pensamentos que desmoronam e se traduzem
em versos. Sou amante da poesia que descreve sentimentos, amarra a angústia das
lembranças doloridas na arte de escrever, transforma a vida vazia num conto
literário cheio de sensibilidade. Pinta as cores vibrantes da paixão em cima
dos tons claros do amor, põe pra
fora as dores internas e as alheias também. Num delicado ato violento, a poesia
devora o sentido das palavras no mesmo instante em que cospe suas intenções.
Continuo escrevendo porque costumo me perder da consciência, geralmente me
encontro nas emoções pretéritas e imagino as linhas em branco do futuro.
Escrevo para saciar a sede das inquietações, para desvendar mistérios que moram
dentro da razão, escrevo porque vivo.
Robson Muller.